LUZ PARA OS CORDÉIS
MOSSOROENSE
O gráfico e editor Gustavo Luz nasceu em Mossoró em 13 de maio
de 1960, filho de Raimundo Nonato Luz, tipografo, e Maria de Lourdes Medeiros
Luz. Caçula de cinco irmãos (Carlos Roberto, Eufrásia, Maria Jandira e Magale),
estudou nos colégios Dom Bosco, Diocesano, Municipal e União Caixeral.
Por ser vizinho do escritor e tio Jaime Hipólito, aprendeu desde
cedo a gostar de ler, principalmente romances e poesias. “Além de incentivar os
sobrinhos a estudar e ler, Jaime cobrava informações do livro, para saber se
realmente estávamos lendo. Isto marcou muito minha infância, até pelo fato de
que depois vi o resultado de suas exigências em relação a seus filhos, que
acabaram se formando dois em Medicina e um em Direito”, ressalta Gustavo.
Ainda menino, ia brincar na famosa Tipografia Expressa, de
propriedade de seu pai, a maior da cidade na época. “Gostava de trazer para
brincar as tiras de papel de diversas cores, sobras dos serviços, como também
ver e ouvir as máquinas impressoras trabalhando a todo vapor”, recorda.
Aos poucos foi se inserindo no trabalho cotidiano da empresa,
seja como chapista, montando a chapa matriz para impressão, distribuidor, que
pegava as letras para montar o texto, ou mesmo no serviço de acabamento e
entrega do material. “No serviço de montar uma chapa matriz para impressão,
tínhamos uma espécie de armário com várias gavetas pequenas. Em cada gaveta
havia uma letra de metal e para montar os textos pegávamos uma por uma com uma
pinça”, lembra Gustavo.
A EDITORA QUEIMA BUCHA – Aos 17 anos teve sua carteira assinada
pelo pai e, posteriormente, com a aposentadoria deste, pelo irmão mais velho,
que assumiu a administração da empresa. Gustavo só deixou a Tipografia em 1983,
quando decidiu colocar seu próprio negócio: a GL Gráfica. Dois anos depois
casou com Antonia Narruira Luz, com quem teve três filhos: Bruno Sávio, Cyber
Driller no setor de petróleo; Raimundo Nonato, gráfico; e Gustavo Lucas,
nutricionista.
O crescimento do setor exigiu de Gustavo investimentos para
modernização constante de sua estrutura, chegando a ter catorze profissionais
em sua folha de pagamento. Também sentiu a necessidade de criar sua própria
editora, fazendo surgiu a Queima Bucha, responsável pela produção e lançamento
de mais de 500 obras, entre livros, cordéis e CDs room.
Cita entre as principais publicações os livros: ‘De Autores e de
Livros’, de Jaime Hipólito Dantas; ‘Eu, Ego e os Outros’, de Raimundo Soares de
Brito; ‘Acorda Cordel na Sala de Aula’, de Arievaldo Viana Lima; ‘Dicionário de
Poetas Cordelistas’, de Gutemberg Costa; e a coleção especial ‘100 Cordéis
Históricos Segundo a Academia Brasileira de Literatura de Cordel’, que teve o
apoio do Ministério da Cultua.
“Não posso esquecer de citar os mais de trinta cordéis e quatro
livros do poeta Antonio Francisco, entre eles ‘Dez Cordéis num Cordel Só’,
adotado inclusive em vestibular da UERN, assim como também ocorreu com
‘Estórias Gerais’, de Jaime Hipólito. São obras que ganham importância ainda
maior, pois além de terem tido sucesso de venda, tiveram o reconhecimento da
instituição de ensino”, destaca Gustavo.
ESCRITORES E POETAS DA TERRA – Foi ainda pela editora
Queima Bucha que foi publicado o primeiro livro traduzido integralmente para o
inglês de um escritor potiguar: a edição bilíngue da obra ‘Rosa de Pedra’, de
Zila Mamede, produzida pelo professor Alexandre Alves. “Zila Mamede é uma poeta
que apenas nasceu na Paraíba, mas tem toda sua obra enraizada em solo
norte-rio-grandense”, explica.
Com a evolução tecnológica acelerada no setor de comunicação,
onde a telefonia celular ocupa espaços cada vez maiores, e consequentemente,
diminuindo a utilização do papel impresso, o setor gráfico tem sofrido para se
adaptar a nova realidade. Ficaram inevitáveis os cortes de pessoal, a
priorização da produção de edições digitais e a criação de uma livraria
virtual. Medidas que Gustavo teve que adotar para enfrentar a nova realidade
Este ano estaremos completando 30 anos da Queima Bucha e para
comemorar uma edição espacial impressa e digital será produzida, destacando a
história da editora e suas principais publicações. “Iremos lembrar os poetas e
escritores de Mossoró, este patrimônio humano de grande saber e valioso arquivo
de conhecimento, um verdadeiro exemplo do que podemos considerar o BOM de nossa
cidade”, anuncia em primeira mão o incansável e apaixonado editor de cordéis.
FONTE – LIVRO P BOM DE MOSSORÓ É VOCÊ, DE SERGIO LEVY E PACÍFICO
MEDEIROS
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